1º Arraiá da Inclusão: uma celebração feita com verdade, afeto e parceria

Marcio Assis- FOTOP

Em meio às bandeirinhas coloridas, ao cheiro de canjica no ar e às gargalhadas soltas nas brincadeiras de festa junina, algo muito maior acontecia: uma revolução silenciosa. O Arraiá Inclusivo de Várzea Grande não foi apenas mais uma festa cultural, foi uma experiência transformadora que rompeu com padrões, restaurou laços e devolveu a muitas famílias algo que o cotidiano ainda insiste em negar: o direito de pertencer.

Organizado por pais, professores, voluntários, gestores e parceiros públicos, o Arraiá foi construído com o que há de mais potente: a colaboração entre pessoas que acreditam, de verdade, na causa da inclusão. Cada detalhe , das fantasias à decoração, das comidas típicas ao palco das danças , foi fruto de doação, envolvimento e afeto. Nada ali foi entregue pronto. Tudo foi construído por mãos que conhecem a luta e, mesmo assim, decidiram celebrar.

Para muitas das crianças e adolescentes que estiveram presentes, aquele foi o primeiro contato com uma festa cultural em que puderam ser protagonistas. Porque a verdade é que, fora desses espaços acessíveis, o que sobra para muitos é a invisibilidade. As escolas tradicionais nem sempre abrem espaço, os convites não chegam, os olhares são distantes. Mas naquele dia, no nosso Arraiá, tudo era diferente: cada paratleta, cada aluno, cada familiar estava onde sempre deveria estar — no centro da festa.

A união entre a Associação Paradesportiva de Mato Grosso (APMT), a Secretaria de Educação, Cultura, Esporte e Lazer de Várzea Grande-MT (SMECEL) e o Centro de Referência Paralímpico Brasileiro de Várzea Grande (CRPB-VG) foi essencial. Mas mais essencial ainda foi a coragem coletiva de dizer: essas crianças e jovens não precisam apenas de acessibilidade,  eles precisam de cultura, de alegria, de identidade. Precisam viver o que qualquer criança tem direito de viver: a infância com afeto, a adolescência com memórias boas, a vida com dignidade.

Teve dança, teve rei e rainha do milho, teve pescaria, teve comida típica, mas acima de tudo, Um evento feito por e para as pessoas. Ele dialoga diretamente com diversos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU:

Foto: MATHEUS GUIMARÃES E Marcio Assis- FOTOP

Ao promover saúde mental, integração social e alegria compartilhada, ele dialoga diretamente com o ODS 3 – Saúde e Bem-Estar. Com atividades educativas fora da sala de aula, que ensinam empatia, respeito e participação cidadã, o evento também contribui para o ODS 4 – Educação de Qualidade. Ao garantir um ambiente acessível e acolhedor, onde pessoas com e sem deficiência convivem em igualdade, o Arraiá fortaleceu o ODS 10 – Redução das Desigualdades. Utilizando um espaço público de forma inclusiva e culturalmente significativa, reafirmou-se o compromisso com o ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis. E, ao reunir instituições públicas, sociedade civil, famílias, voluntários e empresas em torno de uma causa comum, o evento consolidou na prática o espírito do ODS 17 – Parcerias e Meios de Implementação. Uma celebração que não apenas encanta — mas transforma.

Que esse Arraiá não seja lembrado só como uma linda festa — mas como um marco de resistência cultural. Porque enquanto houver exclusão, a inclusão será, sim, um ato político. E quando ela se mistura com cultura popular, ela se torna ainda mais poderosa: ela educa, emociona e transforma.

“Esse foi só o primeiro passo. Que venham muitos outros.”